On quinta-feira, 29 de julho de 2010


Bem, como estou um pouco ocupado além do comum ultimamente, está difícil apresentar algo mais trabalhado da forma que eu queria. Como hoje é o meu dia de postar alguma maluquice, vou repetir o que já havia postado no Wiki da rede social do AeA, na qual podem visualizar aqui.


Não pretendo aqui “converter” ou abalar a fé de ninguém. Na verdade pretendo sim, mas sabemos que essa possibilidade é maior somente àqueles que já possuam uma tendência para tal, pois apenas quem tem sede de conhecimento e está disposto a ler a Bíblia com espírito crítico pode desarraigar-se desta ilusão chamada cristianismo. Caso o contrário, permanecerá com o seu olhar pré-conceituoso e preconceituoso.

E por que questionar esse aspecto do deus cristão se há tantos outros que podem ser objeto de crítica?

Primeiramente, porque é uma das religiões que mais tem adeptos, que mais crescem e que mais tem/teve domínio sobre a sociedade nos últimos séculos – ao menos continua tentando conservar isto – principalmente na sociedade Ocidental. Conhecemos muito bem a história e o perigo de uma religião forte e persuasiva. E creio ser ela, o cristianismo, uma das mais contraditórias, tanto pelo o fato do que o “compêndio de livros sagrados” diz, quanto – e apesar do primeiro motivo – pela quantidade incomensurável de segmentos diversos intitulados cristãos, como católicos, protestantes (incontáveis), umbandistas, kardecistas, mórmons, etc... E devido a esta gama variável de segmentos, é também de se esperar de um guia moral e religioso que se contradiz a cada página, a cada versículo, várias interpretações daqueles que acreditam ou buscam acreditar.

Em segundo lugar, porque a humanidade já está bem “crescidinha” (será!?) para acreditar em amigos imaginários.

Já foi dito inúmeras vezes e nunca é demais repetir: a Bíblia certamente é o livro mais vendido de todos os tempos, sem dúvidas, também é o menos lido. Funciona mais como um amulato e uma autoafirmação do que como um objeto de estudo ou guia prático da vida. Talvez, se lido por mais pessoas, menos acreditariam nela. Ou não. Pois conheço muitos que realmente estudam a Bíblia, mas não conseguem perceber as contradições nela contidas, na qual pretendo apontar algumas, ao contrário, usam de falácias, alegorias e explicações simbólicas para justificarem o injustificável.

Creio não ser necessário apontar todas, e muito menos estou disposto a fazer tal tarefa. Pois, se falamos de um deus-perfeito e omniciente, além de outros “omni”, basta um argumento plausível contra tais “virtudes divinas” para a bancarrota de tais adjetivos e o seu sujeito serem concebíveis para o mesmo Ser. Deter-me-ei apenas ao que concerne ao arrependimento divino ou desígnio equivocado.

Não se trata aqui de redescobrir a roda. Creio que todo ateu que um dia foi cristão (ou não) se fez as mesmas perguntas, ou outras similares. Fica aqui, portanto, uma reflexão sobre questionamentos da Bíblia dentre tantos outros.

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1 – A criação do Homem e a expulsão do paraíso


Deus é omniciente, pois saberia ele que iria se arrepender ou que tudo não sairia conforme o planejado? A Bíblia é clara quanto à criação e à maldição da humanidade imposta por Deus, e todos conhecem tal historinha. Após criar o homem e a mulher e proibi-los de comerem do fruto da árvore do conhecimento, a criatura desobedece ao criador e é expulso do Jardim do Éden, ainda é amaldiçoado por todo o sempre, inclusive as gerações infinitamente futuras. Vejamos primeiro Gênesis 2, 15-17:

15 O Senhor Deus tomou o homem e colocou-o no jardim do Éden para cultivá-lo e guardá-lo. 16 Deu-lhe este preceito: “Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim; 17 mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal; porque no dia em que dele comeres, morrerás indubitavelmente.”
Vejamos agora alguns versículos do capítulo 3 do mesmo livro após Adão e Eva, persuadidos pela serpente falante (que comédia!), comerem do tal fruto:

22 E o Senhor Deus disse: “Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal. Agora, pois, cuidemos que ele não estenda a sua mão e tome também do fruto da árvore da vida, e o coma, e viva eternamente.” 23 O Senhor Deus expulsou-o do jardim do Éden, para que ele cultivasse a terra donde tinha sido tirado.
Nesta passagem, em nenhum momento é citado explicitamente arrependimento da parte de Deus conforme acontece posteriormente quando do dilúvio. Porém, um leitor mais atento e sem as pré-concepções embasadas pela fé, pode tirar algumas conclusões por meio de uma leitura crítica da fonte para interpretar senão um arrependimento, umas hesitadas de Iavé, o “todo-poderoso”.

Primeiramente, temos uma mentira contada por Deus a Adão. E se Deus precisou mentir era porque não “confiava no seu taco”, ou seja, não era omniciente e muito menos todo-poderoso. Os versículos 16 e 17 de Gênesis 2 dizem que o preceito de Deus fora que o homem poderia comer de todos os frutos, exceto um, pois morreria indubitavelmente. Final da história: ninguém morreu. Por que mentir? E por que não cumprir o que prometera? Seria pela suprema bondade do deus-amor? Acho que não! E as atrocidades descritas noutros livros, principalmente no Pentateuco, provam que ele não é nem um pouco tolerante a insubordinações. Além do mais, se levarmos em conta a maldição lançada contra a humanidade depois do pecado original.

Acredito que alguém quando não cumpre o que prometeu podemos imaginar ao menos dois motivos: mentira ou arrependimento. Ora, quase me esqueci. Ele é o deus da bondade e também da vingança, e para fazer valer suas virtudes, tudo vale, mesmo corromper outra virtude, a da perfeição e omniciência. Como conceber alguém absolutamente bom e vingativo ao mesmo tempo dentro do padrão moral cristão? Soa muito estranho. Ao mesmo tempo é piedoso o suficiente para não exterminar Adão e sua serva (afinal, ela é fruto da costela para servir ao dono desta) e vingativo o suficiente para amaldiçoar toda a humanidade inocente que ascende dos “culpados”.

Muitos dirão serem os planos e vontades divinas, eu entendo como contradição, absurdo e mau-caratismo divino.


2 – O dilúvio: o arrependimento literal de Deus


Vou começar com uma citação direta de Gênesis 6, 5-7:

5 O Senhor viu que a maldade dos homens era grande na terra, e que todos os pensamentos de seu coração estavam continuamente voltados para o mal. 6 O Senhor arrependeu-se de ter criado o homem na terra, e teve o coração ferido de íntima dor. 7 E disse: “Exterminarei da superfície da terra o homem que criei, e com ele os animais, os répteis e as aves dos céus, porque eu me arrependo de os haver criado.”
Deus é categórico: irá exterminar o homem que criou, pois se arrependera. Ora, não há outra leitura semântica que o termo “homem” refere-se a toda humanidade sem exceção. Assim como a frase “porque eu me arrependo” não podemos ler como outra coisa senão “eu me arrependo”. E como Deus se sente ferido, ele não é omniciente? Porém, lemos a seguir nos versículos 8-9,13-14, 17 :

8 Noé, entretanto, encontrou graça aos olhos do Senhor. 9 Esta é a história de Noé. Noé era um homem justo e perfeito no meio dos homens de sua geração. Ele andava com Deus. (...)13 Então Deus disse a Noé: “Eis chegado o fim de toda a criatura diante de mim, pois eles encheram a terra de violência. Vou exterminá-los juntamente com a terra. 14 Faze para ti uma arca de madeira resinosa: dividi-la-ás em compartimentos e a untarás de betume por dentro e por fora. (...)17 Eis que vou fazer cair o dilúvio sobre a terra, uma inundação que exterminará todo ser que tenha sopro de vida debaixo do céu. Tudo que está sobre a terra morrerá.
Ou seja, na última hora Noé foi agraciado pela bondade de Deus devido a sua fidelidade a ele (Deus não sabia que Noé já o era?). Deus abre uma exceção para Noé e sua família, e a um casal de cada animal - ou seriam sete casais? Mais uma contradição em Gênesis 6, 18-20:

18 Mas farei aliança contigo: entrarás na arca com teus filhos, tua mulher e as mulheres de teus filhos. 19 De tudo o que vive, de cada espécie de animais, farás entrar na arca dois, macho e fêmea, para que vivam contigo. 20 De cada espécie de aves, e de cada espécie de quadrúpedes, e de cada espécie de animais que se arrastam sobre a terra, entrará um casal contigo, para que lhes possas conservar a vida.
e a seguir Gênesis 7, 2-3:

2 De todos os animais puros tomarás sete casais, machos e fêmeas, e de todos animais impuros tomarás um casal, macho e fêmea; 3 das aves do céu igualmente sete casais, machos e fêmeas, para que se conserve viva a raça sobre a face de toda a terra.
Deus consegue se arrepender duas vezes em pouquíssimo tempo. Primeiro, resolve exterminar tudo, pois se arrependera da criação. Depois se arrepende do desejo da destruição absoluta e dá mais uma chance à humanidade por intermédio de Noé. Quanta bondade! Mas e as várias criancinhas inocentes, e os animais, o que eles tem a ver com essa maldade dos homens adultos (que também não deveriam ser todos eles maus) que assola a terra? Não seria mais misericordioso da parte de Deus se simplesmente fizesse o coração dos injustos pararem de bater e deixar as vidas dos justos continuarem? Mas os justos pagarão pelos pecadores, não é Deus? Talvez argumentem alguns apologistas: “Mas Deus sabe o que faz!” Será?

Creio ser desnecessário estender-me nesse ponto, pois a própria Bíblia diz claramente qual foi a reação e o sentimento de Deus sobre esse caso.


3 – Jesus “herege”: a vinda do Messias


Na minha humilde exegese das escrituras, sem dúvida as atitudes e orientações de Jesus foram demasiadas “hereges” dentro do judaísmo. Obviamente, se levarmos em consideração que ao menos o Jesus histórico tenha existido e se aplicarmos um termo anacrônico (herege) intencionalmente para Jesus, termo esse cunhado pelos cristãos para definir aqueles que não estavam de acordo com as suas concepções e afirmarem as suas próprias. Mas poderíamos tranquilamente substituir “herege” por “traidor da tradição”.

Expliquemos. Jesus disse segundo Mateus 5, 17-19:

17 Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição. 18 Pois em verdade vos digo: passará o céu e a terra, antes que desapareça um jota, um traço da lei. 19 Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar assim aos homens, será declarado o menor no Reino dos céus. Mas aquele que os guardar e os ensinar será declarado grande no Reino dos céus.
Guardem bem esses versículos. Nos versículos seguintes, nada demais. Jesus agrega detalhes prescindíveis aos ensinamentos que foram ditos pelos antigos. Exemplos: Mat 5, 21-30 (não os colocarei na íntegra para não ficar cansativa e extenso).

Entretanto, dos versículos 31 a 48 do mesmo capítulo, encontramos algumas afirmações suspeitas para a pessoa de Jesus enquanto um judeu seguidor de um padrão de leis e valores morais, também afirmações no mínimo contraditórias ao que o próprio protagonista disse segundo o versículo 17: “Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição.

Mateus 5, 31-32:

31 Foi também dito: Todo aquele que rejeitar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. 32 Eu, porém, vos digo: todo aquele que rejeita sua mulher, a faz tornar-se adúltera, a não ser que se trate de matrimônio falso; e todo aquele que desposa uma mulher rejeitada comete um adultério.
Muitos exegetas crentes, convenientemente, interpretam o versículo 32 atribuindo à fala de Jesus que a exceção valia não somente ao matrimônio falso, mas também em casos de adultério da esposa em que o marido poderia pedir o divórcio (vide notas de rodapé da Bíblia Ave-Maria). Procuram vagamente no termo grego “pornéia”, correspondente à palavra hebraica “zenut”, explicar o inexplicável, que não significa somente adultério, mas também concubinato, uma união ilícita, um matrimônio falso.

Porém, pergunto: em que isso altera o fato da afirmação de Jesus retificar a lei? Ele condenou o marido que desse carta de divórcio à esposa, exceto em casos de matrimônio falso, que são, entre outros, união incestuosa, bigamia, divorciados, etc... O adultério em si, ocorrido após o matrimônio, não o coloca na mesma classificação dos casos acima que caracterizam um matrimônio falso, conforme a tradição judaica. Tanto é, que a pena para tal crime é a morte, seja para homens ou mulheres. Portanto divórcio em casos de adultério seriam praticamente raros, uma vez que os adúlteros eram executados. Temos exemplos da lei, Lev 20, 10; Deut 22, 22; Ez 16, 23-45 e 38-42; Jo 8, 5.

Vamos citar dois dos exemplos acima. Primeiramente, Levítico 20, 10:

10 Se um homem cometer adultério com uma mulher casada, com a mulher de seu próximo, o homem e a mulher adúltera serão punidos de morte.
Segundo, João 8, 4-7:

4 Puseram-na no meio da multidão e disseram a Jesus: Mestre, agora mesmo esta mulher foi apanhada em adultério. 5 Moisés mandou-nos na lei que apedrejássemos tais mulheres. Que dizes tu a isso? 6 Perguntavam-lhe isso, a fim de pô-lo à prova e poderem acusá-lo. Jesus, porém, se inclinou para a frente e escrevia com o dedo na terra. 7 Como eles insistissem, ergueu-se e disse-lhes: Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra.
Nesta última passagem, confrontando-a com a citação anterior (e com os demais exemplos do AT citados acima), Jesus transgride a lei claramente. Tudo bem que ele estava a desmascarar a hipocrisia dos ali presentes, no entanto, lei é lei, e independentemente da hipocrisia ou conduta de um juiz, por exemplo, um criminoso deve pagar por seu erro conforme a legislação vigente. Ou então, para que servem as leis? Agora entendo porque queriam a cabeça de Jesus.

Apesar de não ser cristão, concordo com muitas atitudes de Jesus, como esta. Condeno tanto quanto ele a brutalidade e bestialidade dos seus pares baseados em uma crença sádica, de um deus-cruel. Porém, ele era judeu e se dizia filho de Deus, eu não. Ademais, vejo uma enorme dificuldade em forçar uma relação entre Jesus e Jeová, justamente no que tange ao caráter oposto de ambos, sendo que são Um. E mesmo nas interpretações que não aceitam a Trindade, poderíamos opô-lo ao Pai devido a negação da lei por parte de Jesus, apesar de ele dizer que não fez isso. Obviamente, ele não seria estúpido o suficiente para afirmar isso claramente.

Portanto, fica evidente: o pai determinou e o filho retificou a Lei, alterou-a.

Os versículos Mateus 5, 33-37 chegam a ser infantis:

33 Ouvistes ainda o que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás para com o Senhor os teus juramentos. 34 Eu, porém, vos digo: não jureis de modo algum, nem pelo céu, porque é o trono de Deus; 35 nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei. 36 Nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes fazer um cabelo tornar-se branco ou negro. 37 Dizei somente: Sim, se é sim; não, se é não. Tudo o que passa além disto vem do Maligno.
Parece que Jesus realmente desejava a forca, quer dizer, a cruz. Todo o Antigo Testamento é embasado em juras e promessas recíprocas entre Deus e os homens, ao menos com os representantes deles. Epistemologicamente, a própria palavra “testamento” já diz tudo. Vamos citar algumas referências de juramentos lícitos: Êx 22, 11; Is 65, 16; Jer 4, 2; Mt 23, 16-22; Heb 6, 16. Citemos na íntegra o segundo exemplo contido em Isaías:

16 Aquele que desejar ser abençoado na terra, desejará sê-lo pelo Deus fiel, e aquele que jurar na terra, jurará pelo Deus fiel, porque as desgraças de outrora serão esquecidas, já não lhes volverão ao espírito.
Algumas referências de juramentos ilícitos: Ex 20, 7; Lev 5, 45; Eclo 23, 9-14; Tg 5, 12. Algumas referências de juramentos falsos: Lev 19, 12; I Sam 19, 6-15.

As alianças firmam-se com juramento e este resolve os litígios: II Cro 15, 14; Esd 10, 5; Ne 5, 12; Heb 6, 16. Citemos o último exemplo:

16 Os homens, com efeito, juram por quem é maior do que eles, e o juramento serve de garantia e põe fim a toda controvérsia.
Percebemos que o versículo citado é muito claro acerca dos juramentos, e Jesus deu um passo à crucificação ao fazer aquela infeliz afirmação em Mateus 5, 33-37 já citada acima.

Os versículos de Mateus 5, 38-42 são os mais ditos e ouvidos, porém os menos seguidos entre os cristãos. Talvez na mesma proporção em que a Bíblia é vendida e não é lida:

38 Tendes ouvido o que foi dito: Olho por olho, dente por dente. 39 Eu, porém, vos digo: não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra. 40 Se alguém te citar em justiça para tirar-te a túnica, cede-lhe também a capa. 41 Se alguém vem obrigar-te a andar mil passos com ele, anda dois mil. 42 Dá a quem te pede e não te desvies daquele que te quer pedir emprestado.
Não preciso sequer me prolongar na argumentação para provar a contradição de Jesus. Lembrem-se de que ele disse que não veio abolir ou modificar a lei. Deus disse primeiramente aos homens para punirem do mesmo modo em que foram corrompidos. Vejamos apenas um exemplo em Ex 21, 23-25:

23 Mas, se houver outros danos, urge dar vida por vida, 24 olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, 25 queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe.
Depois Jesus, que se diz enviado e filho de Deus (para alguns é o próprio Deus) muda a lei e diz conforme citamos que deves oferecer a outra face se uma delas for ferida!? WTF? Ora, a lei de Deus não é imutável e perfeita desde o princípio? Por que Jesus disse que veio aperfeiçoar algo que já era perfeito? (Mat 5, 17; lembram-se?).

A questão do sábado é outro ponto mais do que interessante. Vejamos Números 15, 32-36:

32 Ora, aconteceu que, estando os israelitas no deserto, encontraram um homem ajuntando lenha num dia de sábado. 33 Os que o acharam apanhando lenha, levaram-no a Moisés e a Aarão, diante de toda a assembléia. 34 Eles meteram-no em guarda, pois não estava ainda determinado o que se lhe devia fazer. 35 O Senhor disse a Moisés: “Que esse homem seja punido de morte, e a assembléia o apedreje fora do acampamento.” 36 Levaram-no para fora do acampamento e toda a assembléia o apedrejou, e ele morreu, como o Senhor tinha ordenado a Moisés.
Creio ser desnecessário citar o mandamento de guardar o sábado né? E então Jesus disse conforme Marcos 2, 23-28 , dentre outras passagens:

23 Num dia de sábado, o Senhor caminhava pelos campos e seus discípulos, andando, começaram a colher espigas. 24 Os fariseus observaram-lhe: "Vede! Por que fazem eles no sábado o que não é permitido?" Jesus respondeu-lhes: 25 "Nunca lestes o que fez Davi, quando se achou em necessidade e teve fome, ele e os seus companheiros? 26 Ele entrou na casa de Deus, sendo Abiatar príncipe dos sacerdotes, e comeu os pães da proposição, dos quais só aos sacerdotes era permitido comer, e os deu aos seus companheiros." 27 E dizia-lhes: "O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado; 28 e, para dizer tudo, o Filho do homem é senhor também do sábado."
Agora me digam. Qual a diferença entre a primeira citação e a segunda? Nenhuma. A única e exclusiva diferença é que Jesus e seus discípulos não foram apedrejados conforme manda a lei, pois a transgrediram da mesma forma que o coitado da primeira citação.

Voltemos, pois em Mateus 5 para colocar a cereja no bolo, versículos 43-48:

43 Tendes ouvido o que foi dito: Amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo. 44 Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos [maltratam e] perseguem. 45 Deste modo sereis os filhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos. 46 Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos? 47 Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isto também os pagãos? 48 Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito.
Bem, só rindo mesmo. Não que eu discorde de Jesus, mas ele não foi um bom judeu. Não deves odiar vosso inimigo? Para quem não queria modificar a lei, ele está saindo pior do que encomenda. Vamos nos remeter a Deuteronômio 20, 1-4:

1 Quando saíres à guerra contra teus inimigos e vires cavalos, carros e um exército mais numeroso que o teu, não tenhas medo, porque o Senhor, teu Deus, que te tirou do Egito, está contigo. 2 Quando se aproximar o momento do combate, o sacerdote se adiantará para falar ao povo: Ouve, Israel! lhe dirá ele. 3 Ides hoje combater contra os vossos inimigos: que vossa coragem não desfaleça! Não temais, nem vos perturbeis, nem vos deixeis amedrontar por eles. 4 Porque o Senhor, vosso Deus, marcha convosco para combater contra os vossos inimigos e para vos dar a vitória.
Mas não era para amar os inimigos? Esse deus não se decide mesmo. Adiante em Deut 20, 10-20:

10 Quando te aproximares para combater uma cidade, oferecer-lhe-ás primeiramente a paz. 11 Se ela concordar e te abrir suas portas, toda a população te pagará tributo e te servirá. 12 Se te recusar a paz e começar a guerra contra ti, tu a cercarás, 13 e quando o Senhor, teu Deus, ta houver entregue nas mãos, passarás a fio de espada todos os varões que nela houver. 14 Só tomarás para ti as mulheres, as crianças, os rebanhos e tudo o que se encontrar na cidade, e viverás dos despojos dos teus inimigos que o Senhor, teu Deus, e tiver dado. 15 Farás assim a todas as cidades muito afastadas, que não são do número das cidades dessas nações. 16 Quanto às cidades daqueles povos cuja possessão te dá o Senhor, teu Deus, não deixarás nelas alma viva. 17 Segundo a ordem do Senhor, teu Deus, votarás ao interdito os hiteus, os amorreus, os cananeus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus, 18 para que não suceda que eles vos ensinem a imitar as abominações que praticam em honra de seus deuses, e venhais a pecar contra o Senhor, vosso Deus. 19 Quando sitiares uma cidade durante longo tempo e tiveres de lutar para apoderar-te dela, não cortarás as árvores a golpe de machado; comerás os seus frutos, mas não derrubarás as árvores. A árvore do campo seria porventura um homem para que a ataques? 20 Somente aquelas árvores que souberes não serem frutíferas poderás destruí-las e abatê-las para os trabalhos do cerco contra a cidade inimiga, ate que ela sucumba.

Quanta bondade! Se for por bem pagarão tributo, se pelo mal, pagarão com a vida os homens, e serão cativas as mulheres e as crianças, assim como serão saqueadas todas as suas riquezas e rebanhos. Esses exemplos de intolerância com os inimigos são inúmeros na Bíblia, são desnecessárias e cansativas citá-los. E observem a piedade de Deus para com uma mulher que tenta ajudar seu marido de um inimigo. Literalmente o feitiço contra o feiticeiro. Deut 25, 11-16:

11 Se dois homens estiverem em disputa, e a mulher de um vier em socorro de seu marido para livrá-lo do seu assaltante e pegar este pelas partes vergonhosas, 12 cortarás a mão dessa mulher, sem compaixão alguma 13 Não terás em tua bolsa duas espécies de pesos, uma pedra grande e uma pequena. 14 Não terás duas espécies de efás, um grande e um pequeno. 15 Tuas pedras serão um peso exato e justo, para que sejam prolongados os teus dias na terra que te dá o Senhor, teu Deus. 16 Porque quem faz essas coisas, quem comete fraude, é abominável aos olhos do Senhor, teu Deus.
Já chega né! Só não vê as contradições e bizarrices quem realmente não quer.
Fiquem em paz! Não na paz do senhor deus Iavé, pois essa não desejo nem para o meu maior inimigo.

Camisas Vero

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