On quinta-feira, 3 de junho de 2010

Dezembro de 2009 rumo à Roma, cidade antiga, histórica, encantadora...


Ruínas e pedras, esculturas, monumentos, tudo tamanho GG, ou extra G. Portas gigantes, lugares colossais, basílicas, pessoas de toda parte do mundo, dezenas de idiomas soltos na rua...

O Vaticano, nunca vi igreja (se assim podemos chamar), tão gigante, poderosa, rica, farta, tão povoada de gente, quadros, pinturas, esculturas... Fora da santa igreja, pedintes, esmoleiros, idosos implorando por uma moedinha com seus corpos doentes espalhados pelo chão, estrangeiros explorados vendendo flores, guarda-chuvas, pedindo trocadinhos no metrô com bebês recém-nascidos aos braços, cantando modinhas, tocando a sanfona, mãos estendidas e olhares perdidos...

Na capela Sistina, milhões de pessoas enlouquecidas esbarrando umas nas outras. Ainda lá dentro: Policiais, proteção desmedida! (também pudera, com toda aquela fortuna lá dentro... o Papa deve estar preocupado!!). Lá fora, os mesmos pedintes na chuva... famintos, enquanto turistas católicos emocionam-se com a "santa" igreja. No museu do Vaticano, obras, quadros, tapetes, mais e mais esculturas, os olhos lacrimejam, não de emoção, mas de vergonha, os tetos cravejados de arte e ouro, as paredes vivas de cores exuberantes, a luz da fortuna afeta a retina. Ainda lá dentro, lembrancinhas com a imagem do santo papa, cartões postais, livros... tudo inflacionado! Tudo à venda, com preços diferenciados (ou inflacionados),  aos estúpidos turistas enlouquecidos.
A "santa" igreja quase queimou Galileu, mas agora, em pleno século XXI, há uma exposição de seus estudos a 6€ a entrada, discordantemente encantador!!! A igreja católica está faturando com o cara que quase foi queimado por ela mesma!! E lá fora, os mesmos famintos, atropelados pelos pés dos turistas... O mesmo descaso àqueles que só se interessam pelas ruínas e um monte de pedras de mil anos, dinheiro só na caixinha do altar e os pobres que se f...  Na urna da igreja, depósitos em notas de 10, 20... euros ou cheques (eles aceitam a moeda corrente do seu país também!).
Aos pedintes? Olhares de desprezo com exclusividade! Que fazem essas criaturas molestas, com suas mãos sujas mendigando para comer?

Sou simplesmente ignorante, uma a mais na multidão enlouquecida, desinteressada por toda aquela arte pendurada, aquelas cores intensas nas pinturas que cansam os olhos. Saí com vertigem dos museus, no Vaticano, tive uma ligeira vontade de vomitar (quase sempre acontece quando deparo-me ora com fanáticos, ora com idiotas que compram por 15 euros uma porcaria qualquer benzida pelo papa).

Conhecimento e cultura, às vezes, cansa e aborrece! Assisti nauseada o Vaticano ocupar-se na exploraçao dos tolos católicos, propensos a gastar até o último vintém, enquanto lá fora, nas ruas, os mesmos sem-teto continuavam a pedir moedinhas diante da santa casa... E aquela gente com o tal deus no coracao, só contribui com o Vaticano...
Fiquei surpresa, não menos que revoltada e desorientada com a quantidade alarmante de esmoleiros e vendedores de qualquer coisa nas ruas, no metro, na mesa de bares... E nao porque nao haja assistido pobreza em minha vida, mas sim, por constatar que no Vaticano, país que mais fatura no mundo com as porcarias católicas, deixa seus "filhos" morrerem de fome na frente da própria casa. 
Contrastante! Entre luxúria e divindade, a pobreza se choca. Que louco! Ser turista em uma cidade tao cheia de fé católica,  e evidenciar o descaso vivenciado por muitos. ESQUECIMENTO! Aquela gente: "Amparada nas mãos do desamparo!"
E ainda dizem que o inferno é para os ateus...

Essa é uma das realidades não reveladas da Europa, que evidentemente, não constam no manual de turismo!

Camisas Vero

2 comentários:

FABENRIK disse...

Muito bom!
Me senti lá tbm e tendo sentimentos parecidos em relação ao cenário!

Andy disse...

Excelente texto!!! Já ouvi falar muito sobre Roma como cidade turística, mas é a primeira vez nessa forma, sensacional ponto de vista!!!!

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