On terça-feira, 22 de junho de 2010



Há algum tempo já pensava em escrever sobre esses fatos corriqueiros que nos impressionam no dia a dia devido à tamanha insensatez e/ou ignorância do(s) atuante(s).
E nada melhor do que começar com o primeiro post no Ateu e a Toa contando algumas das coisas que já vi e certamente muitos já passaram pela mesma situação.

Vou relembrar rapidamente três casos que se não fossem trágicos, seriam cômicos, certamente. E o que mais me impressionou (e ora que nem deveria mais me impressionar com esse tipo de coisas) foi o primeiro caso, que cronologicamente, foi o último na qual presenciei.

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Comentário sobre a motivação das enchentes nas Alagoas e em Pernambuco.
6ª feira passada estava no meu horário de almoço com um amigo em um restaurante perto do trabalho. Durante aquele sagrado silêncio, entre o um tilintar de talheres em contato com os pratos, um senhor na mesa ao lado conversava com o seu companheiro cheio da verdade sobre a explicação das enchentes nas Alagoas e em Pernambuco. (Quem estiver por fora do acontecido, clique aqui). Quando ele solta a pérola: “eu tô pouco me fu#%ndo pra eles. Fica nesse negócio de carnaval e putaria, Deus castiga! Procurar uma igreja ninguém quer (blá, blá, blá).”

Quase tive uma indigestão naquela hora, além de engasgar com o suco de manga (não é nada legal quando ele volta pelo nariz). Além daquela imensa vontade de me levantar da mesa e dizer poucas e boas pro dito cujo, o que realmente não compensava e estragaria o meu dia, e certamente ele também não iria entender minhas motivações, afinal, Deus é bom, mas é justo e sabe o que faz. Seu interlocutor parece não ter compartilhado da sua ideia, uma vez que foi indagado se concordava e o mesmo ficou mudo (quem cala consente, com quem?). Essas “conclusões” são das mais comuns, vimos algo parecido sobre o recente terremoto no Haiti, na qual culparam as pessoas adeptas de rituais de magia negra por aquelas bandas de lá por terem deixado Deus zangado com suas idolatrias. Quem nunca ouviu uma pérola dessas sobre alguma tragédia? Relacionar o ocorrido com vingança divina devido ao comportamento promíscuo ou infiel do povo vitimado é de praxe dos religiosos.

Deus me ajudou a não ser multado.
Então me pergunto. Por que Deus então me ajudou a não ser multado? Ora, eu sou ateu e estava errado segundo a legislação de trânsito. Mas ouvi um comentário que já estava esperando.

Um belo dia, voltando do trabalho, vinha eu com a moto do meu cunhado, e este trabalha viajando pelo o interior do Estado pela empresa e sua moto fica na minha garagem com prévia autorização de uso. No entanto, o imbecil aqui conta com a sorte que não tem, pois só tem habilitação para dirigir carro, além do documento da moto estar em posse do seu dono, e, diga-se de passagem, estava fora da região metropolitana.

Não podia dar em outra, como não tenho o corpo fechado fui parado em uma blitz assim que entrei no meu bairro. Pensei: fudeu! Resumindo. Depois que expliquei sobre o documento ao policial, este foi gente boa comigo (sem propina mesmo) e checou pela placa da moto no sistema interno do DETRAN e da polícia e constatou que estava tudo ok. Mas e a CNH? Ele checou o documento e simplesmente não viu que eu não era habilitado para moto. Nem preciso falar do sufoco que passei calado.

Como se não bastasse o susto, ao contar o caso a familiares e amigos, eis que surge um conhecido com a pérola: “e depois você ainda não acredita em Deus, deveria repensar sobre isso.” Como um bom provocador que sou, levantei as mãos aos céus e ironizei: “obrigado Deus! Por enganar o idiota do guarda.” Foi o suficiente para tomar uma cotovelada sossega-leão da minha mulher na costela com um tom taxativo: Jeeefferson Schittiiiiini... (ela só fala meu nome e sobrenome quando realmente está zangada). E lá tenho culpa da asneira que ouvi?

Mulher evangélica no Egito.
Acho que pelo o título já se faz uma ideia das pérolas que foram ditas. Isso ocorreu há uns três anos atrás. Como se não bastasse estar dentro de um busão lotado, voltando à noite da faculdade depois de um dia inteiro de trabalho, eis que paro de frente para a poltrona de uma senhora que teve a oportunidade de ir à Jerusalém com uma tour pelo Egito, contando sua viagem entusiasmadamente ao lado do marido a um vizinho que estava de pé ao meu lado.

A mulher disse ter saído do hotel uma única vez nos dois dias em que ficara em Cairo. Segundo a mesma, aquilo ali não é lugar onde Deus está, pois só se via demônios antigos por todos os lados (ah! Eu tenho que rir. Demônios antigos? E quais são os modernos, medievais, contemporâneos? Pensei que essas entidades – se existissem – estivessem aquém da noção de tempo e espaço). Nos tapetes, nos quadros, na arquitetura, etc, tudo era demônio antigo... Pensei: quanto desrespeito a cultura alheia e tão rica quanto a egípcia, e só por causa de uma historinha mentirosa sobre o cativeiro dos judeus no Egito que até hoje não foi provada

Segundo essa senhora, nem todos da excursão eram fortes e sabidos, eram a maioria ignorantes, não conheciam o poder dessas coisas (diga-se, não eram evangélicos), e ficavam “dando sopa” pela cidade. Ela contou um fato interessante. No dia em que ela deu o ar da graça pra fora do hotel com os demais companheiros de viagem, um sujeito bruxo (segundo ela) se aproximara do grupo, ela logo enxotou o demônio com uma oração dizendo que todos ali eram filhos do senhor Jesus (e eu que pensei que se declaravam irmãos dele, mas como ele é três em um mesmo, vale tudo.). O guia também pediu que o homem se retirasse, mas sem orações (provavelmente era algum pedinte), nisso, segundo a nossa narradora, o sujeito afastou-se do grupo jogando feitiço com as mãos (precisavam vê-la dramatizando os gestos dentro do ônibus, e isso em voz alta, mais alta que celular de funkeiro). Foi batata, na mesma noite todos do grupo passaram mal, exceto os fiéis foram protegidos da praga. Amém Jesus! E ela concluiu que só os que têm fé estão sobre a guarda de Deus, e é isso que acontece com aqueles que duvidam tanto das forças do bem quanto do mal. Dava até um filme. Bem, já em Israel, a terra santa, ela se sentiu no próprio paraíso, uma paz de espírito como nunca, nem preciso falar o motivo.

Já me prolonguei demais para o primeiro post. Só queria deixar três historinhas que todos já devem ter presenciado semelhantes limitações de pensamentos e visões estereotipadas do outro. Deixem aí seus comentários sobre “causos” parecidos. E lembrem-se: melhor ouvir isso do que ser surdo.

Camisas Vero

6 comentários:

Frodo disse...

os comentários do 1º tipo são frequentes... e dão um ódio absurdo!!
mas eu acho engraçado mesmo os do 2º tipo. Tem uma pessoa que eu discutia bastante essa coisa de religião, e ela tinha o sonho de fazer faculdade (e sempre rezava pra deus para isso), porém nunca tinha a oportunidade. Enquanto eu, ateu, já sou formado, tenho um bom emprego, etc.
Quando indagada a respeito, vinha com a famosa frase: "É a vontade de Deus..."
heaihae
mto engraçado!!

pedro_almeida disse...

Falaí Jeff, bem vindo ao barco...

cara, tu é mt passivo mermão!!! eu n guentava nem 5 minutos da asneira dessa mulher do egito aí pra eu começar a ridicularizar ela em voz alta na frente de geral... eu tenho respeito pelo direito de credo dos outros, agora n preciso respeitar coisas extremamente ridiculas, preconceituosas e evidentemente mentirosas, preciso?

Paulo disse...

pat robertson que disse que o desastre so aconteceu por que os hatinianos tinham feito um pacto com o diabo.

http://www.youtube.com/watch?v=59NCduEhkBM.

e o pior, tem gente que acredita. eu pouco me importo com as coisas que esses idiotas falam, o problema é que essas pessoas ainda podem sair por ai fazendo lavagem cerebral nas massas menos informadas.

@pedro_almeida

"As long as we accept the principle that religious faith must be respected simply because it is religious faith, it is hard to withhold respect from the faith of Osama bin Laden and the suicide bombers." Dawkins.

Geyme Lechner disse...

Oi Jefferson!!! Seja muito bem-vindo, vc estreiou muito bem por aqui!!!! Identifico-me na mesma lorota a que somos expostos cotidianamente e nao raro, vejo-me na situacao de ter meus ouvidos como latrina, nesse momento, nao sei se explodo ou se brinco de estátua, deixo o corpo e levo a cabeca para outro lugar, detesto perder latim com fanáticos... Aquele abraco!!!

Jefferson disse...

A todos, muito obrigado pelos elogios e pela recepção. Espero que possamos fazer juntos ao menos alguma mudança na mentalidade religiosa por meio das nossas ideias e textos.

Icaro nunes disse...

Eu estava no busão e tinha duas pessoas conversando sobre a igraja. Ai uma delas falo, "eu so vou a igreja porque fui batizada, se pude-se não iria." !? como assim...

Meu tio tambem falou a perola da haiti. O Haiti é aqui!!!

Na minha faculdade, a gente estava reunidos falando dos roubos de carro que tem la. ai uma melher que estava perto ouviu e falou o caso dela.
"Eu fui roubada aqui mesmo, mas deus é bom e me deu oportunidade para compra outro carro." Tem mais coisas mas ja não lembro. Ela falou que foi obra de deus ela ter sido roubada e agora ter um carro melhor....


Vai entender...

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