Segundo Vieira, a Conscienciologia parte do princípio de que a manifestação da consciência vai além do cérebro físico e que seria independente do corpo humano. Este fato poderia ser verificado, dentre outras maneiras, por meio da experiência fora-do-corpo. Ainda segundo Vieira, a Conscienciologia como ciência não seria restrita ao paradigma newtoniano-cartesiano e aos métodos convencionais de pesquisa científica, mas segue um novo modelo de idéias denominado paradigma consciencial.
A Conscienciologia, segundo Vieira, é o estudo da consciência em uma abordagem integral, holossomática, bioenergética, multidimensional, projetiva e autoconsciente. A consciência renascida nesta dimensão física denomina-se conscin (consciência intrafísica). Já a consciência extrafísica (consciex)seria a consciência que já passou pela dessoma (descarte do corpo intrafísico).
Holossoma é o conjunto dos quatro veículos de manifestação (corpos) usados pela conscin (ser humano, encarnado) para se manifestar: o soma (corpo físico, corpo biológico), o energossoma (corpo energético, duplo etérico, corpo bioplásmico, holochacra), o psicossoma (corpo astral) e o mentalsoma (corpo mental).
O soma seria extinto com a morte física, após a qual a consciência se manifestaria exclusivamente em dimensões extrafísicas empregando seus demais corpos até que, por forças naturais ou não, ela volte a constituir um novo corpo físico (renascimento, ressoma, reencarnação). A consciência teria, portanto, um aspecto multiexistencial.
A natureza multidimensional da consciência fica evidenciada durante o fenômeno da experiência fora do corpo (projeção da consciência) quando ela pode se manifestar de forma lúcida em outras dimensões de espaço-tempo além da dimensão física que conhecemos, empregando os corpos não físicos que constituem o seu holossoma.
Além de estar sujeita as forças básicas da natureza, a consciência também interage por meio de bioenergias (energia vital, prana, orgonio, chi) com outras consciências, com outros seres vivos, com o ambiente. Por meio das bioenergias a consciência interfere e sofre interferências do meio.
A consciência seria intimamente regida por uma ética maior que permeia todo o universo, denominada cosmoética. A cosmoética não se limitaria aos conceitos de "certo" e "errado". Ela é orientada pela evolução da consciência, em qualquer dimensão de manifestação. Assim, não se pergunta se uma idéia ou ação é certa, mas se é a favor da evolução das consciências.
Segundo Vieira, o estudo da Conscienciologia com base nesses pressupostos constitui um paradigma consciencial, um novo modelo de idéias, distinto, portanto, do paradigma adotado pelas ciências tradicionais. Ainda segundo o autor, o escopo da Conscienciologia é o estudo da consciência do vírus (a forma mais simples de consciência) ao Serenão, a consciência mais evoluída existente em nosso planeta.
Críticas à Conscienciologia
Por não ser reconhecida como uma ciência de fato, a Conscienciologia é, naturalmente, alvo de inúmeras críticas por razões muito compreensíveis. Derivada direta da antiga Metapsíquica, que interessava-se pela investigação qualitativa dos fenômenos psiquicos ou paranormais, acolhida com louvor pela comunidade espirita no Brasil, Vieira traz essas bases justamente numa época em que os experimentos qualitativos deram lugar aos experimentos de laboratório, a partir da Parapsicologia Experimental, com os fenomenos de ESP e PK sendo comprovados em laboratório, com bases nos fundamentos de Rhine.
A Conscienciologia, pois, nasce embebedecida na Metapsiquica, nos experimentos subjetivos, sem maior preocupação com rigor próprio da ciência, ou seja, definição de método e pesquisas realizadas com ampla liberdade de investigações.
Sob o ponto de vista da comunidade científica, a Conscienciologia seria meramente uma corrente dissidente do espiritismo criada por Vieira, que assume como característica básica o deslocamento da ênfase no aspecto moral dessa doutrina em favor do experimentalismo (Veja o item 2 da Bibliografia).
Alguns críticos consideram que a Conscienciologia é baseada em antigas idéias, técnicas e metodologias, e, em grande parte, em tradições, conceituações, classificações, valores, normas de conduta, procedimentos e teorias oriundos de outras linhas de pensamento tais como o Budismo, a Teosofia, a Parapsicologia e, principalmente, da Doutrina Espírita, motivo pelo qual a Conscienciologia também recebe críticas da comunidade espírita.
Por outro lado, Vieira e seus colaboradores sugerem a necessidade de novos termos técnicos para atender, pelo menos, duas necessidades: a) deixar de usar um termo antigo, de significação restritiva (muitas vezes, de cunho religioso); b) utilizar um termo que compreenda melhor a realidade do objeto em questão, na perspectiva do paradigma consciencial.
Desta forma, por estar centrada hoje, nesse processo de alterações conceituais e "neologização", acabou por se debruçar demasiadamente num campo de pesquisa que é mais "linguistica" do que pesquisa da consciência. A experiência é mais importante que os conceitos ou as teorias; vivências são mais significativas que conceitos. Isso sugere o principio da "teática", onde na prática desta ciência, a crítica não encontra correlação lógica.
Outra crítica a Conscienciologia se dá à obra que teoricamente a fundamenta: 700 Experimentos da Conscienciologia, escrita por Waldo Vieira. Em tal obra, não encontramos "experimentos", mas sugestões para experimentos, o que coloca um ponto de interrogação na discussão. O que significam, pois, "experimentos"? Do ponto de vista científico, a obra apresenta recheada de "pontos de vista" do autor, opiniões diretas a respeito de temas complexos, sem maior aprofundamento, mostrando distância de ciência do campo psíquico.
Ao expor suas opiniões sobre a sexualidade, por exemplo, não apresenta pesquisas mais sólidas do assunto, ficando mais numa espécie de "norma conscienciológica", um outro ponto de vista da moral religiosa. A obra, pois, apesar de conter elementos interessantes de estudo, em termos de rigor científico carece de maior fundamentação para se propor como ciência a Conscienciologia. Por outro lado, o tratado Projeciologia, escrito pelo mesmo autor, é de obra bastante relevante do ponto de vista científico, apresentando coerência metodológica, epistemológica e isenta de preceitos morais, proporcionando ao sujeito a liberdade de agir conforme sua própria moral.
Já a obra Homo Sapiens Reurbanizatus, também de Vieira, apresenta repetições de outras de suas obras, transcrições que poderiam ser citações de referências, e "uma tonelada" de referências, tópicos, sessões e subsessões, um rigor até mesmo obsessivo no que tange às organizações das referências bibliográficas. Em tal obra o autor defende a tese da reurbanização extrafísica e do homo sapiens reurbanizatus. No todo da obra, apesar da "classificação das consréus" numa tipologia e quase uma caracterologia da personalidade (traços), o autor numa linha quase psiquiátrica e com uma lógica centrada na patologia (abordagem já ultrapassada), vem trazer as consréus como "consciências patológicas". Assim, reafirma a dualidade "saúde" e "doença" do outro. Tenta, como coloca na introdução, mapear um estado da Terra, o que obviamente, fica bem longe do esperado. O livro, poderia ser, portanto, menos obsessivo nas referências e mais objetivo na idéia e nos experimentos.
A pesquisa conscienciológica é essencialmente teórica. Em nenhum momento encontramos relatos projetivos ou outros experimentos que fundamentaram as ideias que levaram a sua constituição. Os tratados de Vieira estão mais para reflexões filosóficas baseadas em dados jornalísticos (fontes duvidosas e secundárias de pesquisa) do que ciência de fato.
Fonte Wikipedia