On segunda-feira, 7 de junho de 2010


FATO: A Terra existe há 4,54 bilhões de anos.


Sério. Não to zoando não. Sabemos disto por meio da datação radiométrica, que mede quanto tempo demoraria para tal elemento atingir tal concentração dada sua formação, i.e., a formação do planeta.


Ah mas Seu Ateu, a datação radiométrica não é confiável!


Na verdade, é sim. É tão confiável que sabemos o erro desta estimativa: ±1%, o que daria 45,4 milhões de anos pra mais ou pra menos, que, convenhamos, é ano pra caralho, mas ainda bem pouco diante da idade do Universo: 13,75 ± 0,17 bilhões de anos (menos de 0,34%).


Mas mesmo assim, com um pouco de astúcia e perspicácia, não precisaria ser nenhum gênio para descobrir que a Terra é bem mais velha que meros 10 mil anos. Se você montasse uma esfera em escala da Terra, com a mesma densidade média, e esquentasse ela e medisse a taxa com que ela esfria, você teria uma boa estimativa da taxa real de esfriamento da Terra, exatamente como teria acontecido desde a formação do planeta quando era quente, certo? Daí, era só fazer uma regressão exponencial usando as equações que regem a perda transitória de calor, extrapolar os pontos e voilá! A idade da Terra. Na verdade, um cara fez isso em 1779 (Georges-Louis Leclerc) e chegou ao valor de 75 mil anos, que, convenhamos, já é bem maior que 10 mil. Só que ele não levou em conta outras fontes de calor na Terra: convecção de magma sob a crosta, calor por radioatividade, vulcanização, irradiação solar, etc.


Outros caras tentaram outros métodos: calcular o tempo que a Terra demoraria a chegar à atual velocidade de rotação, calcular o tempo que demoraria ao Sol ter o atual brilho, etc. E tiveram resultados que chegavam até estimativas de 400 milhões de anos.


Mas aí chegaram outros caras com um tal de decaimento radioativo, um fenômeno tão sincronizado da Natureza, que pode-se prever precisamente quanto tempo demora para que determinada concentração de determinado isótopo, presente em rochas, seja atingida. E isto é independente de qualquer coisa, senão do material, i.e., sua meia-vida. E aí o resto é história: dada concentração só poderia acontecer depois de tanto tempo, voilá! Idade da Terra, e das outras coisas (e.g., fósseis, rochas), de novo.


Mas Seu Ateu, como vou confiar numa concentraçãozinha besta de um elementozinho tosco? Fala sério! Que coisa sem nexo!


Na verdade, existem, pelo menos de meu conhecimento, mais de 15 métodos diferentes de datação, com diferentes isótopos e elementos.


Os mais comuns, usados na Terra:


Método com Urânio-Chumbo (data bilhões de anos, com erros de até 2%)

Método com Samário-Neodímio (data bilhões de anos, com boa precisão)

Método com Potássio-Argônio (data precisamente rochas muito antigas)

Método com Rubídio-Estrôncio (data rochas ígneas e metamórficas, em bilhões de anos)

Método com Urânio-Tório (data milhares de anos, em sedimentos oceânicos)

Método do Radiocarbono (famoso Carbono 14, pra datar compostos orgânicos e organismos mortos há até 62 mil anos)

Método do rastreamento de marcas rochosas de fissão nuclear (data meteoritos e rochas vítreas vulcânicas, em até alguns milhões de anos)

Método do Cloro 36 (datação de períodos curtos e sedimentos em gelo)


E mais a cacetada abaixo, que serve a outros propósitos mais específicos, inclusive datação do Universo – meteoritos, rochas lunares, ETs, etc:


Argônio-Argônio (Ar-Ar)

Iodo-Xenônio (I-Xe)

Lantânio-Bário (La-Ba)

Chumbo-Chumbo (Pb-Pb)

Neon-Neon (Ne-Ne)

Lutécio-Háfnio (Lu-Hf)

Rênio-Ósmio (Re-Os)

Urânio-Chumbo-Hélio (U-Pb-He)

Urânio-Urânio (U-U)


Estes nomes bonitinhos se referem a como os isótopos decaem: U-U, por exemplo, se refere ao urânio-238 decaindo para urânio-234, com uma meia-vida de 4,5 bilhões de anos, ou seja, em 4,5 bilhões de anos de formado, o U-238 caiu pela metade e virou U-234, entre outros decaimentos secundários.


Ah mas peraí, Seu Ateu, vai falar difícil ‘pa mim num intindê’!?


OK. Vamos deixar de lado o papo técnico, vou resumir: eu DUVIDO, mas tipo, D-U-V-I-D-O M-U-I-T-O que tantos métodos seriam falhos, ou congruentes só de sorte. Só de sacanagem divina, sabe. Eu prefiro aceitar, na minha humilde análise, que temos um conhecimento no mínimo confiável sobre decaimento radioativo a esta altura, que conhecemos bem as dinâmicas dos elementos através do tempo, e que, depois de muito estudo e pesquisa na área teórica e experimental, a matemática nos leva à formulação que datou nosso planeta, nosso lindo planeta Terra, na elegância de seus 4,54 bilhões de anos. E isso é só 1/3 da idade do Universo! Praticamente um planeta jovial... bom, talvez não do nosso ponto de vista.


Contra fatos não há argumentos.

Um abraço, e até a próxima tentação.

Camisas Vero

1 comentários:

Meks disse...

Hahaha todo ateu que já debateu com um religioso vai ter uma sensação de Déjà vu lendo isso hahaha muito bom.

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