A publicação de livros recentes sobre o ateísmo, as tentativas simultâneas para desfocar a separação entre Igreja e Estado prometidas na nossa Constituição, e as obsessões infindáveis de questões sexuais americanas, surge a pergunta:


Ateus podem ter um código de moralidade sexual?


Esta questão é ao mesmo tempo divertida, insultiva, patética e reveladora. Ela só faz sentido se você acredita em duas coisas:
1. Pensamento moral e comportamento são, essencialmente, determinados pelo medo de punição;





2. A definição de "moralidade" em relação ao sexo é diferente do que para outras atividades humanas.


E, de fato, as crianças e jovens em desenvolvimento fazem escolhas morais com base no medo da punição. A religião organizada depende e promove este estilo de organização da personalidade: "Faça a coisa certa ou Deus vai castigá-lo."


E qual é a coisa certa em relação ao sexo? Toda religião organizada tem muitas respostas específicas para esta pergunta. Eles envolvem principalmente "Deus não quer que você faça sexo dessa maneira, Deus com certeza prefere que faça sexo dessa maneira." E se você não concordar com Deus sobre a sua expressão sexual, veja regra # 1.


A religião organizada tipicamente imagina a "moralidade" sexual como envolver limitações. Na maioria dos casos, quanto menos sexo tem, mais Deus gosta disso, Deus, aparentemente, também quer te limitar o número de parceiros sexuais com quem você faz o certo ou errado de relações sexuais.


Assim as pessoas orientadas religiosamente pedem, com toda a sinceridade, "se você não tem medo de ser punido por fazer as relaçõess sexuais erradas, como e por que você continua a fazê-las? E se você não seguir as regras de Deus sobre o qual atos sexuais são permitidos e proibidos (como interpretado por um sacerdote ou comentário sagrado), como você sabe que está fazendo escolhas morais? "


Fascinante.


Então aqui é a versão adulta de ética sexual ateísta: não faça aos outros o que os outros não fazem a você.


(Aviso para as pessoas religiosas - isso soa familiar?)


Em linguagem mais contemporânea e pragmática, ateus operacionalizam a ética sexual desta maneira:
* Consentimento
* Honestidade
* Responsabilidade


Naturalmente, esta aplicação requer algum pensamento. São ambas as pessoas em situação de consentimento (considerar o álcool, a idade, a pressão das diferenças de status, etc)? Será que a honestidade não cobre apenas dizendo a verdade, mas também não deixando as coisas surgirem? E tem as duas partes o conhecimento, discernimento e auto-conhecimento para serem capazes de assumir a responsabilidade por suas decisões?


Ateus adultos não precisam temer algum ser metafísico que prefere mandar fazer o que é certo - todos adultos conscientes preferem fazer o que é certo. E ateus adultos não precisam de um menu "serve-pra-todo-mundo" de atos sexuais. Eles sabem que fazendo somente os atos sexuais na lista preferencial de Deus não é garantia de tomada de decisão moral ou o comportamento ético. E eles experimentaram a satisfação profunda de tomada de decisão ética, enquanto detonam a casa com o tabu dos atos sexuais que fariam os serafins e querubins corarem.


É todo ateu moralmente correto? Claro que não. Será que todo ateu segue um código de honra da moral sexual? Definitivamente não.


Mas a questão - podem ateus ter um código de moralidade sexual? - É muito parecido em perguntar se os negros podem realmente ser bons pais, ou se esperam dos gays poderem manter as mãos longe de seus companheiros soldados durante a ducha ou dormindo.


Basta substituir a palavra "Batista" ou "judeu" pela palavra "ateu" para ter uma noção de como ofensivo e absurdo é a questão.


Se eu estou preso em uma trincheira - ou chuveiro ou festa do pijama ou fazenda abandonada - dê-me alguém que celebre a capacidade de compreensão humana e escolhe o que é certo, ao invés de alguém que precisa ser dito o que é certo e, em seguida escolha-o para evitar punição.


Quão longe a tomada de decisão sexual seria diferente de outros tipos de tomada de decisões? Isso soa como algo feito por pessoas que acreditam que a nossa sexualidade é perigosa, e não é realmente nossa, e que nossos corpos estão sujos. Se eu achasse isso, também acreditaria que menos sexo é melhor do que mais sexo.


Não, fazer escolhas em relação ao sexo é como fazer outras escolhas. Algumas pessoas querem maximizar o respeito humano.


Outras pessoas só querem ficar fora do inferno. São elas as que banalizam a majestade do sexo.


(Nota: Graças a Greta Christina por seus anos de trabalho nesta área, e por me apoiar nos meus.)